sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Todas as vaidades do mundo...

Acenda a alma do corpo, acenda a arte no caos. Faça do caos a arte. Tuvives arrastando, fazendo promessas que irão se partir junto ao vento. Voa-te livre, sem pensar ou olhar para trás. Desfaça-te da maquinagem, da maquiagem, desfaça-te das intrigas, desfaça-te da gula. Se entregue os olhares - e que sejam puros ao serem vistos. De sonhos o peito se enche, da arte e do romance somos feitos sem piedade ou dó. E assim ir-te-á, trilhando o caminho traçado ou quiçá o caminho que ir-te-á traçar. Fazendo dos pés no chão tua senteça até a morte. Assim, vai-te! Sem carregar as vaidades, sem pesar ao andar, indo na leveza - pois que seja pureza a alma. E sem mais nem menos, se vá. Mas volte! Assim com os sonhos no bolso e as vaidades de fora. Pois a morte reduz a cinzas todas as vaidades do mundo.

domingo, 8 de abril de 2012

Sem mais delongas, ele está em algum canto

Quando se trata de possibilidade, não existe um ponto. Existem apenas vírgulas, ponto e vírgulas, duvidosas reticências. Coexistem no infinito do tudo e vai até o nada – e assim do nada de novo até o tudo. São meras cartas jogadas na mesa do acaso ou, se assim preferes chamar, na distinta mesa do destino, sempre pronta, confortável. Inerte.

Se existe acaso ou se existe destino, o que deves enxergar, assim sem delongas, é que existe um curinga sempre à mão. Na teia de possibilidades há sempre um curinga te espreitando. Porém somente teu canto dos olhos o enxerga. Já pensaste em usá-lo na partida do jogo?

Pois o curinga não é um escarnio: ele caminha fiel no tear infinito do tempo. No tear que foi sempre teado e sequer deixará de sê-lo. Nele as possibilidades existem e coexistem, num passado distante, no futuro que já aconteceu. No presente é tudo ou de uma vez nada é. Ele é um equilibrista se divertindo pelos fios. Escolha-o que não precisarás dar a próxima jogada. Cada carta é um mundo. Mas na mão há sempre um curinga. Basta olhar com atenção.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Where Is My Mind? (Pixies)

Sua cabeça vai surtar,
Mas não há nada lá dentro
E você vai se perguntar:
Onde está minha mente? 

segunda-feira, 19 de março de 2012

O tempo que foi é o tempo que fica

Amargura sem fim, ocasionada por traços do tempo, se misturam em mim. Vejo tudo que passou. Me seguro pelas mãos. Dou o primeiro passo de vida, a primeira respiração ofegante, sem pretexto do porque de estar. Tiro minhas conclusões, da renda da alma. Em meu chão, pego as pedras de lembranças. São os corações conquistados, partidos, estabilizados. Que apenas ficaram na soleira da porta. Ainda quando sem luxo, sem o vigor, sem o cuspe de barro, nas estrelas eu encontrava o mundo, via o desconhecido. Que me tirava o folego e fazia transparecer no escuro. Nada mais do que aquilo que nunca vi.
Questões sem fim, nos meus infinitos mundos, dos meus infinitos personagens, que são somente de um mundo só.

O tempo que passa, é o tempo que fica. O tempo vai, permanece, para,
Corre.
Corra!
Ele é um só.

(Escrito em 22 de abril de 2011)

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Dread And The Fugitive Mind (Megadeth)

Deixe-me apresentar a mim mesmo sou uma doença social
Eu vim pela sua riqueza, te deixar de joelhos
Não há tempo para arrependimentos, eu cheguei aqui por conta própria
Eu não vou pedir por piedade, eu escolhi caminhar sozinho

O que é seu é meu e o que é meu é meu também
Se você apertar minha mão, é melhor contar seus dedos

E se eu for pego? E se não tiver julgamento?
Se eu estou certo eu não perco nada, se você está certo eu perco tudo
É melhor eu ser pego pois eu estou fazendo algo perverso
Eu sou culpado, assombrado por meus medos e a unica consequência
É a mente fugitiva e apavorante

Você constrói paredes para protegê-lo assim ninguém vai te infectar
Perseguido por aqueles lá fora que desaparecem no ar
Percorra um longo caminho para encontrar o que você realmente deixou para trás
Você não sabe quando é o fim mas está chegando rápido

sábado, 21 de janeiro de 2012

O morcego (Augusto dos Anjos)

Meia noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vêde:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.

"Vou mandar levantar outra parede..."
— Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o tecto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!

Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh'alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!

A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A alma libera o que o coração transcende.