segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Pela primeira vez.

Não quero um texto bonito, não espero que isso dê certo, só quero um desabafo. Só quero tentar me expressar, estou tentando um grito desesperado no silêncio. As portas se fecham, mas se abrem ao mesmo tempo. Como vê, estou escrevendo sem saber o que falar. Palavras no vazio. O vazio nas palavras. É tudo tão certo, mas tudo tão incerto. Desabafo. Suspiro. Tento me obrigar a escrever, mas como irei escrever, se o que grito é só um sopro no ar? Um suspiro da mente. Mente é essa que se cala. Mas que não suporta se calar. Para onde foram as palavras? E todas aquelas criticas? Sigo sem rumo, tentando me agarrar pelo ar. Já tentei mais de uma vez. E acho que dessa vez está funcionando. É, está funcionando agora. Me desprendi de você, mas pude agarrar a mim mesma. Paradoxo. Confusão. Você não entende o que eu quero lhe dizer. É provável que nunca entenderá. Minha lingua é uma lingua desconhecida. Não a conheço, mas a falo fluentemente. Palavras novamente no vazio. Esse mundo não é para mim, ele pega fogo. Ele queima e queima e queima. E ele grita comigo, suspira em meu ouvido, tão sereno, entrando em colapso. Só eu ouço, só eu ouço as faiscas se atiçando. Você também pode escutar? Eu tentei te falar, mas seus ouvidos não conseguem entender! Eles não conseguem pulsar no mesmo tom, bater no mesmo ritmo. O que houve? Tudo se perdeu nesse vazio que tanto me encara? Ou será que a culpa foi do grito que se calou? Ou da alma que se mostrou no escuro? Tentei te falar, querido. Meu coração quis avisar. Mas deu tudo errado. Nada saiu como o planejado. Só gritei junto com o mundo que estava em chamas. Você não conseguiu me escutar, mas meu coração tentava te dizer. Tentava te dizer que tem uma explicação. No meio de tanto paradoxo, tinha uma razão. Era um fato, se posso assim me arriscar a dizer. Tudo se repetiu, mas dessa vez foi diferente de todas as outras. O grito foi escutado pela primeira vez. Ele foi! Um grito diferente do já escutado antes. Conseguiram o escutar. Eu pude ouvi-lo. Querido, não se preocupe. Estou escutando-o. Ele soa como sincero, não se preocupe com isso também. Ele é o som de um coração que pulsa. Estou escutando, está batento. Está batendo bem aqui. Você também pode escutar? Talvez nunca consiga escutar... queria que pudesse ouvir comigo. Minha insanidade grita mais uma vez. E é escutada. É, dessa vez ela é escutada.